A jovem Charlotte Cohen-Tenoudji chegou ao Brasil em 2012 determinada a encontrar respostas sobre as suas origens. Ela sabia que tinha sido adotada no Brasil, onde nasceu em 1987 por meio de um orfanato de São Paulo, o Lar da Criança Menino Jesus, no bairro de Santana.

Charlotte tinha também um nome, que aparecia em sua documentação: Guiomar Morselli, que ela tenta responsabilizar pela adoção ilegal. A mulher era dona do orfanato, segundo as investigações.

Charlotte vive no Rio de Janeiro e leciona francês. Ela diz amar a cidade.

Na França, segundo ela, as diferenças físicas em relação aos pais adotivos eram motivos de agressão. A sensação de viver em um "lugar errado" deu início à busca por sua origem. "Eu me sentia no lugar errado, no país errado, sendo a pessoa errada". Foi então que Charlotte descobriu que era vítima de tráfico humano.

À época, deputados se debruçavam sobre o tema na CPI do Tráfico de Pessoas. a Comissão entendeu que Guiomar Morselli e o marido dela, Franco, foram responsáveis pela adoção ilegal de Charlotte e por outros casos semelhantes.

O período também coincidiu com a exibição, na TV Globo, da novela Salve Jorge, que tratava do tema do tráfico humano e abordava o tráfico internacional de crianças para adoção irregular fora do país por meio da história de Aisha, uma jovem nascida no Brasil e adotada por pais turcos. Pela semelhança entre os casos, Charlotte foi chamada na imprensa de "Aisha da vida real".